Buda e Pitágoras (Moisés e Elias): Mente e Corpo. Jesus: Coração. Obras, Compreensão e Amor, ou, Corpo, Mente e Coração

“Do mesmo modo que não fazia parte do projeto dos Evangelhos representar o percurso inteiro do Homem Regenerado, também não fazia parte desse projeto fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.

Por ter uma relação especial com o Coração e o Espírito do Homem, e dessa forma com o núcleo da célula e com o Santo dos Santos do Tabernáculo, o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.

Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.

No caso desses dois profetas e redentores, praticamente contemporâneos, o sistema era, tanto na sua doutrina quanto na sua prática, essencialmente um e o mesmo. E suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.

Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. E eles são descritos como tendo sido vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração.

E pela sua reunião no Monte está representada a união dos três elementos, e a complementação de todo o sistema abrangido pelos três por Jesus, como o representante do Coração ou daquilo que é Mais Interno, e, em um sentido especial, como o “amado Filho de Deus”.

O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 249-251; grifos nossos]