As Desigualdades Naturais São Muito Mais Importantes

“Por acaso as almas são iguais? Desde o seu próprio nascimento elas trazem o cunho da desigualdade. Ah! De que serve iludirmo-nos com palavras vazias de sentido? De que serve dizer dos homens que eles nascem iguais, e falar de uma igualdade universal que a natureza nega? Existe, na verdade, muita desigualdade social que podeis remover. Mas essa é muito menos importante. É a desigualdade natural que é muito mais importante. E dessa muitos esquecem quando falam tanto de nações como de indivíduos. (…) Uma igualdade de oportunidades para todos – talvez a possais conseguir num futuro muito distante; mas uma igualdade de capacidades para as utilizar – isso nunca podereis conseguir. (…) De modo que temos que olhar de frente o fato de que Fraternidade não quer dizer igualdade, mas uma Fraternidade real de mais velhos e mais novos, uma grande família humana em que uns são muito mais velhos do que outros, e alguns são muito novos, muito ignorantes, e muito imprudentes. (…)

A história não volta atrás, mas repete-se em níveis superiores, e os princípios fundamentais podem reaparecer. O problema do momento é como achar o melhor homem, e depois como colocá-lo no poder. (…)

Ora, o nosso Ideal da Fraternidade aplicado ao Governo exige o poder para os mais cultos e não para os ignorantes (…) como encontrar os melhores? O Ideal é que sejam os melhores que governem; mas como encontrá-los, eis o problema. Cada um de nós que estuda deve tentar resolver esse problema, e as sugestões que aqui estou dando talvez contenham algumas indicações para essa solução.

Mas não podereis resolvê-lo enquanto não compreenderdes a inutilidade da atual maneira de governar – ou de não governar – e enquanto não aceitardes o Ideal de que o Governo deve ser exercido pelos melhores. Quando concordarmos nisso, então poderemos reunir os nossos esforços para encontrar um meio de achar e escolher os melhores e colocá-los em situação onde bem sirvam ao país. E isso tem de ser feito por amor ao povo, ao povo que ‘perece por falta de sabedoria’, e que nunca, na sua ignorância, poderá se salvar.” (Annie Besant, Os Ideais da Teosofia, p. 22-34; grifos nossos)