O quadro abaixo, a respeito da credibilidade dos políticos, é bem nítido acerca dos resultados desse processo de escolha dos dirigentes políticos nas atuais formas de democracias liberais. Estes dados são sobre a credibilidade merecida por aqueles que deveriam ser o que uma nação tem de melhor, pois ocupam os postos de maior responsabilidade. A pesquisa é do Ibope e foi publicada em Zero Hora, em 09/08/87. Desnecessário dizer que a situação no Brasil de 2020 não se apresenta melhor, com tantos escândalos de corrupção nos cargos mais elevados da nação! A pergunta apresentada foi a seguinte:
– “Você concorda ou discorda das afirmações abaixo usadas para descrever a atuação dos políticos?” A tabulação apresenta percentuais.
Esse quadro desalentador, por si só, já é um claro atestado acerca da incompetência desse sistema de escolha dos dirigentes políticos.
Vale a pena adicionar outro quadro, mais recente ainda, resultado de uma pesquisa do Ibope, que entrevistou 2.000 pessoas, em maio de 93. Esse quadro foi publicado na revista Veja de 2/6/1993, com as respostas para a pergunta:
– “O(a) Sr.(a) lembra do nome do candidato e do partido em que votou para deputado federal nas últimas eleições (final de 1989)?
Ou seja, metade da população não lembrava, pura e simplesmente, em que candidato ou partido votou naquela que é a eleição mais importante da nação. Da Câmara dos Deputados dependem todas as grandes leis do país, ou todas as principais decisões legislativas, ou mesmo, como já ocorreu na história recente, o impedimento de presidentes, o chefe máximo do poder executivo, além de tantos outros encargos da maior responsabilidade e importância para o país. Pois bem, com tudo isso em jogo, apenas 12 % da população lembrava tanto do candidato quanto do partido em que votou para deputado federal nas últimas eleições!
Essas tabelas são um claro atestado acerca da incompetência desse atual modelo de sistema de escolha dos dirigentes políticos. Talvez apenas o quadro de exclusão social, de miséria e violência que vemos como características da organização social de um país como o Brasil, seja um atestado ainda mais claro do fracasso desse modelo de organização política. (Arnaldo Sisson Filho. O Que Há de Errado Com a Política?, Capítulos III e V)