Sra. Blavatsky Conclama Toda Energia, Coragem e Esforço a uma Grande Reforma Intelectual, e Sra. Burnier Complementa

“Em 1889 Madame Blavatsky fez uma descrição de sua época, da seguinte maneira:

‘De todos os séculos passados este nosso século XIX tem sido o mais criminoso. Ele é criminoso em seu egoísmo assustador, em seu ceticismo o qual zomba da própria ideia de qualquer coisa além do material; e em sua indiferença idiota a tudo que não pertença ao eu pessoal, mais do que qualquer dos séculos anteriores de ignorância, barbarismo e escuridão intelectual. (…) Para todos aqueles que veem a loucura e a esterilidade de uma existência cega pelo materialismo e ferozmente indiferente ao destino dos seus semelhantes, esse é o momento de agir; agora é o momento para devotarem todas as suas energias, toda a sua coragem e todos os seus esforços para uma grande reforma intelectual. Essa reforma pode apenas ser realizada pela Teosofia, e, permitam-me acrescentar, pelo Ocultismo ou a Sabedoria do Oriente. (Collected Writings, Vol. XI, p. 134)
[N.A.: Sempre é bom enfatizar que a palavra Teosofia significa verdadeiro Altruísmo, conforme podemos ler em várias passagens da própria Senhora Blavatsky, a exemplo da que segue: “Que eles saibam de uma vez por todas e recordem sempre que verdadeiro Ocultismo ou Teosofia é a ‘Grande Renúncia do EU’, de forma incondicional e absoluta, tanto em pensamento quanto em ação. É ALTRUÍSMO (…)”. (Practical Occultism, p. 43)]

Ela mais adiante descreveu o século XIX como o filho híbrido da superstição medieval e de um impostor devasso conhecido como ‘civilização moderna’.

O século XX superou de longe o XIX em barbarismo, egoísmo criminoso, cegueira materialística e indiferença a tudo que está além do interesse pessoal. Ele subiu a picos de atividade destrutiva nunca antes alcançados. Os mortos e feridos nas duas Guerras Mundiais foram contados aos milhões, e outros tantos milhões foram desalojados à força de seus lares e obrigados a sofrer agudas misérias de vários tipos. Uma longa série de outras guerras de menor escala aumentaram o montante da carnificina desse século. Esses foram anos e décadas de dizimação impiedosa de inúmeras pessoas em muitas partes do mundo por razões ideológicas, tribais, raciais ou políticas. [N.A.: E, em grande medida, também por razões econômicas. Basta lembrar a importância do colonialismo.]

Raramente, ou talvez nunca, foi a crueldade praticada em tão grande escala em relação tanto ao homem quanto aos animais como no século XX. A vida vegetal, também, foi reduzida dramaticamente e os recursos minerais exauridos. A degradação e a poluição ambiental agora representam malefícios tão graves que alguns cientistas acreditam que esses sejam uma ameaça maior do que a guerra nuclear.

A indústria da guerra tem sido uma das atividades comerciais mais importantes do século, trazendo enorme riqueza a alguns indivíduos e empresas. Também as nações, se tiverem a requerida capacitação, estão competindo umas com as outras para acumular riquezas pela manufatura e venda de armas. A psicologia criminosa está agindo em outros tipos de negócios com os quais nos tornamos familiarizados, tais como o tráfico de drogas, e o comércio de remédios e comida de qualidade inferior que as populações pobres e ignorantes dos países subdesenvolvidos são ludibriadas para comprar. A civilização moderna tem sistematicamente promovido a violência e ela agora se espalhou até as ruas e os lares. Ela também liberou as forças da decadência ao colocar o prazer e o sucesso como as metas mais valiosas. O apego às diversões, ao dinheiro e às drogas atingiu níveis epidêmicos. Embora aqui e ali haja sinais de preocupação com a condição humana e investigações quanto à validade das premissas sobre as quais a civilização de nossos dias está construída, (…) continua a (…) indiferença aos problemas que defrontam a espécie humana e a autenticidade ou não dos pressupostos que estão por detrás dessas premissas.

A grande reforma intelectual que Helena Blavatsky antecipou como a necessidade imediata da sua época ainda está para acontecer. (The Theosophist, jan/1989; grifos nossos)