Numa época como a que vivemos, já algumas décadas dentro do século XXI – na qual são dominantes os preconceitos igualitaristas e na qual, paradoxalmente, encontramos um abismo entre os mais pobres e os mais ricos que em nenhuma outra época foi tão grande – explicitar claramente tais conhecimentos a respeito da Lei da Fraternidade Humana pode soar como uma forma de elitismo, ou de defesa conservadora de privilégios e injustiças sociais gritantes. Por isso mesmo, cabe deixar perfeitamente esclarecido que o nosso propósito é exatamente o contrário disso, uma vez que, conforme procuramos demonstrar em outras postagens e obras, é exatamente nessa clara visão do perfil evolutivo da família humana que reside a única esperança de uma organização social mais justa, na qual o bem-estar e os direitos dos menos amadurecidos possam ser realmente defendidos e assegurados, conforme podemos ler na seguinte citação da Dra. Annie Besant:
“Pode-se deduzir o que deveria ser um Estado, contemplando uma família que reconheça o princípio [N.A.: ou lei] da Fraternidade, e na qual o dever e a responsabilidade sigam de mãos dadas com a idade e as capacidades. Quando, porém, os humanos fazem caso da idade? E se não se encontra um substituto equivalente a essa na raça humana, ser-nos-á difícil relacionar a raça humana com a Fraternidade, para que se a reivindique e para que essa sirva como pedra angular dos séculos futuros.
Tanto para a humanidade como para a família, é bem notório que há uma diferença de idades. Tal como na família, os membros da humanidade nascem em tempos diferentes. Assim como as aludidas diferenças de idade compõem o círculo familiar, o mesmo sucede com a família humana. Os espíritos que formam essa grande família não possuem a mesma idade, pois não nasceram para a existência individual ao mesmo tempo. Junto com a ideia [N.A.: ou lei] da Fraternidade, encontramos a da Lei Natural da Reencarnação que nos evidencia que existe diferença de idade nos espíritos individualizados e que na família humana uns são mais velhos e outros mais jovens (…).
O grande princípio [N.A.: ou lei] da Reencarnação corre parelho com o princípio [N.A.: ou lei] da Fraternidade, porém isso acontece se o aplicamos e o convertemos em uma coisa positiva na vida quotidiana. Porque dessas diferenças de idade surgem todas as possibilidades de uma Sociedade ordenada e feliz. Quando as almas jovens ocupam o poder prejudicam o Estado, pois são crianças que governam e não homens. O contrário porém acontece se são os sábios que detêm a autoridade.
Ditosa a nação onde aos sábios e pensadores e aos homens de conhecimento é dado o direito a uma maior distinção social e onde a capacidade e o Poder vão unidos. Unicamente quando essas verdades forem reconhecidas como o resultado do princípio da Reencarnação é que se poderá edificar com segurança, sob o amparo dessa Lei da Natureza, uma Sociedade duradoura.” (Annie Besant, A Fraternidade Aplicada às Condições Sociais, em O Teosofista, p. 254-260, mar-abr/1939; grifos nossos)